Blog sobre cinema e o universo cinematográfico, principalmente o cinema europeu, asiático e independente, optando por abordar os filmes que não fazem parte do circuito conhecido como comercial.



domingo, 4 de abril de 2010

Black Mama, White Mama (Black Mama, White Mama) - 1972



Vou começar pela capa, só que dessa vez farei um pouco diferente, vou comentando as atuações e os outros aspectos a medida que eu for apresentando os comentários. Bem a capa é muito boa, uma ilustração mostrando as personagens atacando um policial, apesar dos desenhos não remeterem muito as atrizes, tem tudo haver com o filme, sem contar que como já estamos habitados ao comum, que são capas e pôsteres com fotos, uma ilustração bacana é sempre bem vinda, e também porque era comum capas com ilustração até a metade da década 80.

Para quem procura um filme inteligente, com narrativa toda amarrada, passe longe deste filme, agora para quem procura uma produção tosca, chacota e com narrativa totalmente nonsense, pode assistir sem medo de errar.

Sobre o estilo do filme, tem características de WIP (Womans in Prison), ou seja mulheres na prisão, flerta também com o sexploitation/exploitation, filmes “B” dos anos 70 com uma temática mais erótica, e alguns caracterizam como blaxploitation, filmes protagonizados por negros na intenção de competir culturalmente com os brancos, que eu acho que não se aplica neste caso, pois o filme não envolve somente a Black Mama do título, mas também a White Mama. Então é difícil caracterizar, apresentando aspectos de todos esses estilos “B”. Vendo hoje acho que deveria ser classificado como comédia.

Outra coisa que me chama atenção e que eu não consigo engolir é o nome Black Mama, White Mama. Beleza, tem uma personagem negra Lee Daniels (Pam Grier), e uma loirinha, ou melhor seria dizer uma loirona (o cabelo da mulher é gigante) tipo das crentes e testemunhas de Jeová) Karen Brent, interpretada por Margaret Markov, agora mama, de quem? Totalmente sem sentido o nome. Deve ser algo pessoal do diretor e do produtor.

Antes de começar a falar da história eu tenho uma coisa comigo sobre esses filmes, só de olhar pra cara do povo e os tipos, cabelo, jeito de andar, as roupas, tá na cara que são feitos normalmente pelos ripongas, e é a maior diversão ver em turma tomando uma cerveja, e pra quem segue o estilo de vida hippie, com o efeito da tal Maria Joana na cabeça é divertimento garantido, mesmo porque eu acredito que é sobre o efeito dessas plantinhas que eles faziam essas pérolas.

Bom, a história começa com algumas mulheres sendo levadas para uma prisão feminina, numa ilha nas Filipinas, chegando lá elas já são confrontadas com a policial linha dura Densmore (Lynn Borden), que além de ser durona, é possivelmente ninfomaníaca, não perde a oportunidade de espiar as detentas tomando banho e de passar uma cantada nas presidiárias. De primeira, uma coisa já chama atenção, as mulheres indo para a cadeia vestidas como se estivessem indo para uma festa, todas arrumadinhas. Depois de darem entrada na prisão e fazerem a sua limpeza, numa cena que vemos as mulheres nuas tomando banho, com a policial Desmore espiando é claro, elas vestem a roupa da prisão, que pasmem, são tipo só blusas compridas, tipo aquelas blusas que mulheres usam como camisola, blusas grandes, totalmente surreal para uma prisão.

Mas a policial Densmore, não dá descanso para as detentas, pode ser de dia ou de noite ela tá sempre querendo dar “um pega” nas coitadas. Primeiro ela convida Lee Daniels (Pam Grier), para uma conversinha em particular no seu quarto, e o mais interessante, antes disso vemos em uma cena com as detentas fumando um cigarrinho de maconha (kkkkkk) dentro da cadeia como se estivessem no quarto, totalmente sem noção (e parece que não mudou nada até hoje), então Densmore tenta seduzir Daniels, que recusa.

Depois da tentativa frustrada para cima de Daniels ela decide investir na loirinha Karen Brent (Margaret Markov), que aceita a cantada para ficar numa boa com a carcereira, e não ter problema.

O mais interessante é que Daniels fica puta com Karen, sem o menor motivo, tipo elas não eram namoradas e nem nada, qual o motivo dela ficar com raiva, sentido aqui é o menos importante (kkkkk), então elas começam a desenvolver uma rivalidade por conta disso. Até vemos uma briga tosca, como não poderia deixar de ser, das duas no refeitório. As duas são pegas e é dado a sentença pela chefona do presídio (que curiosamente tem um caso com a carcereira Densmore), três dias na solitária, e ai vemos uma cena muito cômica, a tal solitária, é uma cubo de concreto construído numa plantação, onde as detentas nuas ficam de costas uma para a outra sem poder sentar, porque só cabem duas pessoas em pé, com o sol batendo o dia inteiro, é tipo uma estufa (kkkkkk).

As duas atrizes fazem um par, com atuações até muito boas, com direito a cenas de luta no meio do mato, dando para ver as calcinhas e tudo mais (kkkkkkk), coisa comum em filmes do gênero e que aqui foram até modestos, sem contar que a coreografia é de dar inveja de tão tosca.

Continuando a história elas fogem com a ajuda de um grupo guerrilheiro, amigos de Karen, que no decorrer do filme descobrimos que é uma patricinha metida a revolucionária, mas como o filme não da muita atenção para o sentido da história, não sabemos o motivo real da sua guerrilha, e os guerrilheiros estão atrás de um carregamento de armas, para continuar na sua luta armada, só não sabemos contra o que realmente e o porque eles estão atrás de tanta arma, mas isso não importa, o importante pros diretores é fazer uma filme, mesmo que ele não tenha lógica nenhuma.

O filme vai se desenrolando daí até o final com a fuga das duas, que curiosamente parece que influenciou um outro filme conhecido, A Caçada, com Laurence Fishburne e Stephen Baldwin, filme de 1996, onde dois fugitivos de uma penitenciaria tem que ficar sempre juntos por estarem acorrentados, mesma coisa que neste Black Mama, White Mama.

Muito embora elas não queiram estar juntas e tenham planos de fuga diferentes, devido a corrente vão ter que seguir juntas, em meio a brigas e tapas na cara (risos), elas vão se entendendo pelo caminho e vão se tornando amigas, e porque não dizer inseparáveis.

Só que o roteiro vai além, e aparece uma série de novos personagens para caçá-las. Tem o chefe da bandidagem que foi roubado por Daniels e ele quer reaver o seu dinheiro, tem o malandro que tá metido com a polícia, Ruben (Sid Haig), que pra mim rouba a cena do filme, e é de longe a melhor atração, só vendo para acreditar no naipe do cara, roupinha de cowboy azul piscina, é mole? E tem o chefe dos guerrilheiros, amigo de Karen, que sempre se sai bem nos confrontos com a polícia, além de outros caçadores.

Outra coisa que é chacota no filme é o carro que a quadrilha de Ruben usa, uma espécie de Kombi, cheia de franjinhas e badulaques bem bregas mesmo, no estilo espalhafatoso dos mexicanos, é de doer de tão barango.

Bem, daí em diante vemos só confrontos, entre os que querem pegar as fugitivas. E obviamente, a fuga das duas pelas matas da ilha, tudo muito nonsense, e mau feito, até mesmo porque já acostumamos a ver coisas muito melhores, mas naquela época devia mesmo até convencer alguns. E pérolas em forma de diálogos, muito típico nos filmes do Tarantino, como na cena em que vemos o bando dos guerrilheiros encontrar com o bando de Ruben, e Ruben pergunta se viram os cachorros dele, no que é respondido pelo chefe dos guerrilheiro, vi sim e eles se parecem com o dono (kkkkkkkkkkkkk).

O desfecho é até interessante e surpreende, embora sem necessidade, mas não vou contar para não estragar a brincadeira.

Pra finalizar, a trilha sonora tem hora que não faz sentido nenhum, tem momentos que colocam uma trilha de suspense e não acontece nada, os caras entram no carro e vão embora, porque a ação já tinha se passado, parece até que é feito com a intenção de fazer tudo errado e sem sentido, o que talvez até seja, até mesmo por causa disso que o filme é engraçado.

Vocês podem estar se perguntando por que colocar uma aberração dessas aqui no blog? Uma porque eu gosto dessas coisas horríveis, é mais engraçado que as comédias de hoje, tipo Todo Mundo em Pânico, duas porque hoje são considerados “Clássicos” do cinema “B”, com uma infinidade de blogs e pessoas que se interessam por este estilo, sem contar que um pouco de diversão é sempre bom não é mesmo? E não mata ninguém.

Compre umas cervejas, chame os seus amigos, prepare um tira gosto no domingo a tarde, porque vale a pena assistir e rir com a galera. Agora para os que são muito sérios e não aceitam esse tipo de cinema, vão assistir UM HOMEM SÉRIO, que como o próprio nome já diz, deve ter sido feito como uma comédia para homens sérios (kkkkkk), filme pretensioso e chato dos irmãos Cohen, que estava até concorrendo ao Oscar deste ano, mas eu prefiro essa comédia tosqueira aqui.


Ficha Técnica:



Título no Brasil: não foi lançado no Brasil / Título Original: Black Mama White Mama
País de Origem: EUA/Filipinas / Gênero: Drama/Thriller/Crime
Tempo de Duração: 87 minutos / Ano de Lançamento: 1972


Elenco:
Pam Grier ... Lee Daniels / Margaret Markov ... Karen Brent / Sid Haig ... Ruben
Lynn Borden ... Matron Densmore / Zaldy Zshornack ... Ernesto
Laurie Burton ... Warden Logan / Eddie Garcia ... Capt. Cruz / Alona Alegre ... Juana
Dindo Fernando ... Rocco / Vic Diaz ... Vic Cheng / Wendy Green ... Ronda
Lotis Key ... Jeanette / Alfonso Carvajal ... Galindo / Bruno Punzalan ... Truck driver
Subas Herrero ... Luis (as Ricardo Herrero)

Sinopse:

Em uma remota ilha na América do Sul , Lee Daniels (Pam Grier) , é a namorada do maior cafetão e traficante de drogas da região , e ela simplesmente fugiu com $ 40.000,00 dólares do seu dinheiro . Karen Brent (Margaret Markov) , é um dos principais membros do grupo anarquista local . Lee e Karen são duas das mais novas detentas em uma penitenciária feminina na ilha . Lá Lee se recusa , mas Karen aceita prestar " favores sexuais " a uma das administradoras do presídio , em troca de regalias , causando a primeira desavença entre as duas.



Mas certo dia , no transporte das detentas , o ônibus é emboscado pelo grupo revolucionário ao qual Karen faz parte , elas conseguem fugir . Só que agora , estão presas uma à outra por uma corrente e desejam seguir direções diferentes na fuga . Estoura uma Revolução na Ilha e o poderoso cafetão deseja não só o seu dinheiro de volta , como a cabeça de Lee como prêmio .

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