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domingo, 28 de março de 2010

Defensor (Defendor) - 2009



Vou começar diferente dessa vez, vou começar pelos créditos. O filmes não tem créditos iniciais, mas os créditos finais são muito bem feitos, os nomes vão passando pela tela utilizando de tipografia sem serifa, na cor brancas com fundo preto, enquanto vemos imagens de bolinhas de gude e outros instrumentos que o personagem principal utiliza como arma durante o filme, muito bom.

A trilha sonora é bem composta, principalmente a música que embala os momentos de ação, e capta o espírito do herói e também o estilo de filmes de quadrinho.

A capa do filme eu não achei nada demais, com a foto de Wood Harrelson, como o herói, ou melhor, suposto super-herói do filme. Não tem como fugir do conceito, pois utiliza uma foto do próprio filme, mas não tem nada de especial, cumpre o seu papel, e como já disse a adequação é o que realmente importa.

Já a atuação fica a cargo basicamente de três pessoas, Wood Harrelson, que como sempre está muito bem no papel, consegue criar expressivamente cenas realmente engraçadas no filme, que pra mim está mais para drama do que comédia. A guria Kat Dennings, faz um papel meio batido no cinema, da prostitutazinha abusada pelo pai que se mete nesse submundo para manter seu vício, já vi tanto esse tipo de personagem que nem presto muito atenção. Então, de um tempo pra cá, pra mim tanto faz se a atuação foi boa ou não, porque não presto muito atenção mesmo, a não ser é claro se a atuação for formidável e roubar a cena, ai sim. Elias Koteas faz um policial meio bocó, que eu acho que foi até bem interpretado, muito embora eu não consiga definir se é devido a ele ser daquele jeito mesmo ou se o ator definiu bem o papel daquela forma, seja como for, ficou interessante em sua parceria com um maluco que acredita ser um super-herói.

A premissa do filme, embora simples, mas até certo ponto original, trata de um homem que acredita ser um super-herói, e como tal não poderia deixar de combater o crime, e está em busca de seu arqui-inimigo o Dr. Indústria.

Muito embora eu não tenha achado o filme realmente cômico, considerando o cerne da questão, está mais para drama mesmo. Eu gostei, por sua originalidade em mostrar o que seria um homem com problema mental, que a psicóloga no filme diagnostica como Síndrome alcoólica fetal, déficit de atenção, depressão, megalomania, incapacidade de prever conseqüências, séria ausência de bom senso e imaturidade social, o que pode ser até discutido, eu mesmo não concordo muito, mas daí já podemos imaginar o plano de fundo da trama.

Não tenho muita coisa a dizer. Como manda o figurino, as comédias normalmente criticam algo, e nesse caso eu pude identificar não muitas, mas algumas, como por exemplo, não importa o quanto o cara seja inofensivo e talvez esteja até certo, o comportamento dele e a forma como ele lida com o problema é taxado de loucura e retardamento pela sociedade que se julga normal, até mesmo o telespectador, pelo menos comigo foi assim, vê no personagem um cara completamente molóide, primeiro pela roupa do cara, que tem um “D”, de Defendor, o nome do super-herói criado pelo personagem de Wood Harrelson, quando está defendendo a cidade dos criminosos, escrito com silvertape, depois por ter um capacete de construção civil com uma laterna ligada pregada na lateral do capacete, pois o mesmo grava a suas ações, ou seria melhor dizer suas trapalhadas, e é tão molóide, que quando está escondido na escuridão, quer que ninguém o veja, mas está sempre com a luz do capacete acesa, se não fosse uma comédia ia ser motivo de falar mal, mas nesse caso esses detalhes contribuem para a narrativa. Mas a crítica está em olharmos as aparências e nos esquecermos de olhar os fins, como diz o ditado “a vestimenta não faz o monge” ou “quem vê cara, não vê coração”, que nesse caso poderia ser “quem vê o comportamento se esquece das finalidades”, sei que essa foi horrível, mas como o comentário é de um filme de comédia, sei que vão me perdoar (risos).

A segunda crítica é a de que ninguém faz nada, a polícia não resolve, o governo não faz nada e a justiça muito menos, que está mais preocupada em prender o molóide do que em prender os bandidos. Isso sem contar as burocracias, fazendo com que o nosso super-herói tenha que gravar uma fita mostrando os bandidos bolando o plano, em uma das cenas cômicas do filme, e outra nos mostra ainda como que um cara completamente lerdo consegue gravar uma cena dessas, que só não ficou boa como prova porque o equipamento era ruim. Ele faz algo que a pólica não consegue ficando dias, meses e até anos fazendo grampos e infiltrando policiais com essa finalidade. É realmente para rir, sem contar que é uma verdade, os telejornais nos mostram isso o tempo inteiro com suas câmeras escondidas.

Neste cenário em que se encontra a população a Deus dará e abandonado por aqueles que deveriam nos ajudar, surge DEFENDOR (Wood Harrelson), o herói da história, que vai lutar contra o crime, impulsionado mais por suas motivações pessoais, que é vingar a morte de sua mãe, uma drogada supostamente assassinada pelo Dr. Industria, um chefão das drogas, da prostituição e do crime organizado na cidade. No decorrer do filme tudo indica que o cara nem seja o assassino, mas como o nosso herói tem vários probleminhas de cabeça, ele associa todo cara que lida com isso como o assassino de sua mãe, o que não importa realmente se é mesmo, o que não deixa de ser verdade também, porque o filme está criticando no fundo a industria das drogas e prostituição. Defendor tem a ajuda de uma garota que o faz acreditar que o Dr. Industria em questão é o cara que ele procura, então ele parte para sua vingança. O mais engraçado é que o policial Chuck Dooney, que desde o começo do filme tromba com o Defendor, é um policial corrupto, que está envolvido com o suposto Dr. Industria, e o cômico é que o cara sempre se ferra com o nosso intrépido herói que faz dele gato e sapato. Aqui rola uma inversão de papéis, o cara bobão que normalmente nunca ia conseguir pegar ninguém, sempre se sai bem com o policial sujo e criminoso, o que normalmente não acontece nos filmes de ação e aventura. O mais cômico são as armar utilizadas por Defendor, que vão desde bolinhas de gude, usadas tanto para jogar nos criminosos com para que eles escorreguem, quem não se lembra de “Os Trapalhões” na Globo domingo a noite, passado por uma espécie de porrete meio clave, a vespas, não precisa nem dizer que o nosso amigo policial, sofre com todas elas, isso tudo porque o nosso herói tem um probleminha com armas, que ele deixa claro quando diz “ARMAS SÃO PARA COVARDES” (risos).

Outra coisa cômica no filme é o fato de que o nosso herói vive sendo surrado pelos capangas do Dr. Industria.

Mas no decorrer do filme, o telespectador acaba simpatizando com o personagem, e mudando de opinião com relação a ele. Assim como a sociedade, no filme vai criando uma certa conivência com suas ações, até mesmo porque não tem ninguém cumprindo efetivamente esse papel, nós também vamos gostando dele e vamos ficando tanto sensibilizados como indignados com o fato de quererem acabar com as ações de combate ao crime efetuadas pelo herói, e obviamente não queremos que ele morra, o que a cada momento achamos que vai acontecer, porque o homem é maluco, principalmente depois que ele cisma com a idéia de que ele é a prova de balas, após, um policial disfarçado atirar nele com balas de borracha.

Vale a pena a diversão, só não esperem um filme para morrer de rir, diria ser um filme com um humor mais negro, mais “ácido”, mas uma boa diversão para um domingo a noite, no horário do chato e desinteressante Fantástico ou quem sabe da porcaria do Big Brother. Eu com certeza sou mais assistir esse filme do que encarar essas duas aberrações da televisão, ou melhor, eu prefiro assistir qualquer filme no lugar desses programas, que só não vou chamar de programa de índio, porque tenho respeito pelas culturas dos povos indígenas e não vou rebaixá-los a tanto, mas fica ai a dica, pipoquinha e refri para quem gosta domingão a noite.




Ficha Técnica:

Título Original: Defendor / País de Origem: Canada/USA/UK / Gênero: Comédia
Tempo de Duração: 95 minutos / Ano de Lançamento: 2009
Estúdio/Distrib.: Darius Films / Direção: Peter Stebbings

Elenco:

Woody Harrelson - Arthur Poppington / Defendor / Kat Dennings - Kat
Elias Koteas - Chuck Dooney / Sandra Oh - Dra. Park
Charlotte Sullivan - Fay Poppington / Michael Kelly - Paul Carter
Lisa Ray - Dominique Ball / Kristin Booth - Wendy Carter
Dakota Goyo - Jack Carter /Tatiana Maslany - Olga


Sinopse:

Uma comédia centrada em torno de três personagens: um homem comum que chega a acreditar que ele é um super-herói, seu psiquiatra, e ele se torna amigo do adolescente.

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