Blog sobre cinema e o universo cinematográfico, principalmente o cinema europeu, asiático e independente, optando por abordar os filmes que não fazem parte do circuito conhecido como comercial.



domingo, 28 de março de 2010

CQ (CQ) - 2001



Irei fazer o possível para colocar o máximo de comentários sobre os filmes europeus e de arte, eu gostando ou não, porque eu gostar ou não é uma opinião pessoal e o que não me agrada pode agradar outra pessoa. E, mesmo não gostando, vou tentar explorar o lado positivo do filme, porque todo filme, por pior que seja, tem um lado positivo e algo que se possa aproveitar. E porque eu não sou crítico de cinema e sim uma pessoa que pretende explorar as propostas dos produtores (no sentido de toda a equipe que realiza o filme, não só do produtor comercial) do filme e também por haver uma galera que tem um certo fascínio, me parece, por falar mal a ponto de fazer com que a maioria das coisas pareçam ser ruins e eu não concordo muito com isso.

Seguindo o proposto, vamos começar com a capa, que é muito boa, talvez a capa seja a melhor coisa do filme, no estilo dos pôsteres da década de 50, 60 e 70, a capa mostra a ilustração de uma mulher que por seus trajes já nos indica com o característico estilo dos quadrinhos, o que provavelmente pareça ser a heroína do filme, bem no estilo Barbarella e a roupa me lembra muito da Vampirella, gostei muito do nome do filme escrito em legras vermelhas atrás da ilustração, e a pergunta sobre a personagem, “Who is Dragonfly?”, já dando uma indicação do mistério que o filme vai desvendar.

Os créditos, também estão bem construídos com o conceito do filme, mostrando que a galera sabe conceituar, o que para mim é o maior trunfo do filme. Não é assim cheio de tecnologias, o que as pessoas acham hoje que qualidade está relacionada a utilização de tecnologia e efeitos, mas qualidade está mais associada a adequação no meu entender do que com a estética e a técnica de efeitos, portanto, os créditos foram muito bem feitos. Um fundo branco com a tipografia em preto, com o som ao fundo acompanhando como se estivesse sendo digitado nos computadores dos filmes antigos da década de 50 e 60, tipo Jornada nas Estrelas, e o efeito cascata com as letras dos nomes misturados destacando o nome do ator em negrito, muito bom, na alusão da criptografia e do segredo que deve estar escondido, nas letras embaralhadas.

Não sou ator e nem tenho muito conhecimento do assunto, sou somente admirador e na minha opinião, os atorem foram bem convincentes em suas atuações. Fazendo jus a isso, Jeremy Davies encarnou bem o seu papel, de cineasta introvertido e menos excêntrico do que de costume, Angela Lindvall que não sei dizer se não é boa atriz mesmo ou se soube encarnar o espírito da coisa, mas seja como for, acho que a intenção era essa mesmo, Billy Zane que aparece pouco, mas canastrão como sempre, o filme tem tudo a ver com ele, os demais atores fazem aparições esporádicas.

A trilha sonora é também adequada ao estilo. O velho e bom lisérgico rock psicodélico, e não poderia ser diferente já que o filme se passa em 1969, ápoca do auge da lisergia hippie, que a partir de meados da década de 70 ia começar a perder a sua força devido os problemas e o preconceito da sociedade para com esta sempre discriminada parcela da população, mas enfim, o que passou, passou.

Bom, o filme em si não me agrada muito não, mas vale-se da utilização do recurso da metalinguagem. Inicia mostrando um assessor de produção, que passa a registrar todas as horas possíveis do seu dia em vídeo, como se tivesse fazendo um diário, só que em vez de escrever, estava filmando, e ainda utilizando esse recurso, mostra a filmagem de um filme e a sucessão de diretores que vão assumindo este cargo, indicado para quem estuda o cinema, audiovisual e simpatizantes da sétima arte.

O que me chama mais atenção no filme é que ele mostra em primeiro lugar a forma caricatural de alguns elementos que compõem a produção de um filme, mostra um produtor de cinema italiano Enzo (Giancarlo Giannini), totalmente sem noção, que viaja na construção das histórias e está sempre fazendo com que os diretores acabem a história da maneira que ele julga melhor. Perseguindo uma história que já foi explorada mil vezes, tipo o ditado “em time que está ganhando não se mexe”, o que era comum na Itália da época em que o filme se passa e que parece, como podemos ver hoje, não mudou muito.

O filme explora também as personalidades dos diretores. Tem o diretor que fica enrolando em uma história na criação da obra perfeita com um fim que só ele entende (não sei porque mas me lembra UM HOMEM SÉRIO), o diretor megalomaníaco e muita vezes aclamado por suas idéias e seu jeito “artista de ser”, e por fim um diretor mais introvertido e com os seus complexos de cineasta mas que está sempre procurando o fim e a melhor conclusão para solucionar a obra, que no caso é o nosso protagonista.

Nesse ínterim, mostra algumas curiosidades de cenários e métodos de efeitos especiais, que eram utilizados na época em que se passa o filme, o que é muito bacana para as pessoas que buscam referencia e tem curiosidade em saber sobre esse tipo de coisa.

A história é uma ficção científica em que uma heroína Dragonfly (Angela Lindvall), tem que desmantelar em grupo de ativistas e guerrilheiros e recuperar uma arma super poderosa. O mais interessante e o que novamente me chamou atenção no filme é a construção das referencias, os guerrilheiros são comandados Mr. E (Billy Zane), um tipo que é ver e lembrar de Che Guevara, com naves espaciais e tipo a geografia de marte, tipo os filmes da década de 60 e 70, principalmente os italianos, que para quem acompanhou as pérolas produzidas por eles principalmente de terror, ficção e guerra, vão saber do que eu estou falando, junções das coisas mais absurdas possíveis, então dou todo o mérito para o filme na construção das referências.

A parte de produção dos cenários e figurino também foram muito bem feitos, com algumas salas com pinturas de formas geométricas e espirais, bem no estilo “Ácido” dos anos 60 e 70.

A situação vai se desenrolando em uma espiral de situações, e conflitos. Como por exemplo o conflito pessoal de Paul em tentar construir a sua obra pessoal e inovadora, o fim do seu relacionamento com sua namorada, a sua obsessão pela personagem principal do filme que está sendo filmado e por fim, o fato de ter que assumir a direção do filme. Vemos também a sucessão de diretores, o que vai mudando o desfecho da história, o que acaba por comprometer a integridade da história inicial e até mesmo das filmagens. Isso é importante e esclarece talvez muito das coisas que podiam acontecer naquela época pra se fazer tantas tranqueiras, nos apresenta as brigas entre diretores e produtores, e tudo que envolve fazer um filme.

Então o roteirista e também diretor (Roman Copolla), que já trabalhou em vários departamentos, como assistente de efeitos visuais, departamento de som, diretor assistente entre outros, constrói o filme todo em clichês dos filmes dos anos 60 e 70.

Concluindo, CQ é um filme que vale a pena se assistido, principalmente pelas pessoas da área de comunicação e artes visuais, pois tem boas referencias e construção. E após escrever estes comentários, estou até achando o filme um pouco melhor do que no início, e me sinto compelido a mudar de idéia. Então, é um bom filme. Não gosto muito pelo fato de não curtir muito essa onda retrô, mas gosto da construção da história e das referências, sem contar que me faz lembrar dos meus tempos de moleque, quando eu ficava assistindo os filmes trash.

Esse talvez seja um filme novo, bom de ver com os amigos de faculdade ou curso, no final de semana a tarde, quem sabe tomando uma cerveja ou quem sabe até mesmo um “Ácido” (desculpe, retire o que eu falei, isso é proibido no Brasil kkkkkk), pode ser uma diversão descompromissada e até instrutiva.


Ficha Técnica:

Título Original: CQ / País de Origem: USA/França / Gênero: Comédia, Ficção /
Tempo de Duração: 88 minutos / Ano de Lançamento: 2001 / Estúdio/Distrib.: United Artists
Direção: Roman Coppola / IMDb...6.6

Elenco:

Jeremy Davies...Paul / Angela Lindvall...Dragonfly e Valentine / Élodie Bouchez...Marlene
Gérard Depardieu...Andrezej / Giancarlo Giannini...Enzo / Massimo Ghini...Fabrizio
Jason Schwartzman...Felix DeMarco / Billy Zane...Mr. E / John Phillip Law...Chairman
Silvio Muccino...Pippo / Dean Stockwell...Dr. Ballard / Natalia Vodianova...Brigit
Bernard Verley...Voiceover Actor / L.M. Kit Carson...Fantasy Critic

Sinopse:

Paris, 1969. A rodagem de um filme de ficção científica passado no ano de 2001 está em risco. A obsessão do realizador pela sexy atriz turvou-lhe a visão e o filme não tem final. É então chamado um jovem americano para acabar o filme, o que se torna difícil quando também ele é seduzido pela protagonista.

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